segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O diabo realmente existe?

Montage Dieu le Père et le diable (God the father and Devil coming) - ptPara muitos, o diabo é um símbolo inventado para explicar o mal no mundo e para eximir-se do mal cometido. Por outro lado, como um Deus Amor poderia ter criado um ser tão malvado e permitir que ele agisse? Reconhecer que o diabo existe suporia reconhecer que existe um deus do mal contra quem o Deus dos cristãos não tem poder algum.
Os demônios são criaturas celestes, anjos criados por Deus, mas que, por orgulho, se rebelaram contra Ele e incitaram o homem a fazer a mesma coisa. No entanto, nas últimas décadas, parece que muitos teólogos se “esquecem” da existência do diabo, enquanto o satanismo está “na moda” entre os jovens. Como disse Beaudelaire, “a maior astúcia do demônio é a fazer acreditar que ele não existe”.
A fé cristã afirma a existência do demônio, mas proclama que seu poder é limitado. Não existe um “deus do mal”: o demônio é uma criatura submetida ao poder de Deus.
Os cristãos reconhecem, desde sempre, a existência de um ser maligno – ou vários seres malignos – de natureza angélica, cuja atuação se dirige a afastar o homem de Deus, submetendo-o às forças do mal, por meio da tentação. De fato, Cristo se fez homem e morreu na cruz para libertar o homem desse estado de sofrimento em que se encontrava devido ao pecado original. A existência do demônio faz parte, portanto, da verdade revelada.
No entanto, a crença cristã é muito diferente da de outras religiões: não existe um “deus do mal”, oposto ao Deus do bem. Ao contrário, segundo a teologia católica de São Tomás de Aquino, o mal não existe em si mesmo, mas como ausência de bem, como rejeição do amor de Deus. Segundo a doutrina cristã, o demônio pode incitar o homem ao mal, mas não pode tirar sua liberdade; não tem poder sobre a sua alma se o homem não lhe conceder isso.
O demônio é um anjo criado por Deus – na tradição cristã, recebe os nomes de Satanás ou Lúcifer – que usou a sua liberdade para opor-se ao amor divino. Deus permite a sua existência e a sua rebeldia, mas o demônio está submetido ao seu Criador, como as demais potências angélicas. Esta é uma das razões pelas quais a teologia cristã não se preocupou muito com o demônio em si, mas com como Cristo conseguiu a vitória sobre ele e como combater o seu poder na vida cristã.
A Bíblia, particularmente os Evangelhos, bem como o Magistério e a vida dos santos, dão testemunho da existência do demônio.
O Antigo Testamento considera os anjos e os demônios como criaturas de Deus, Criador de tudo o que é visível e invisível. Mas os textos que falam de Satanás no Antigo Testamento são muito raros. É depois do exílio da Babilônia que se nota uma evolução: o mal entre os homens vem de Satanás (“satan”, em hebraico, significa “adversário”), devido ao pecado de Adão (Gn 3), quando, “pela inveja da serpente, a morte entrou no mundo” (Sb 2, 24). Satanás é o tentador, o acusador, o adversário de Deus (Zc 3, 1-7, Jó 1, 11). Quase dois séculos antes de Cristo, a comunidade monástica de Qumram, às margens do Mar Morto, elaborou uma demonologia estruturada.
Mas é nos quatro Evangelhos que a presença de Satanás adquire uma densidade particular: é um adversário real, inimigo de Cristo e do seu Reino. Jesus se dirige a Satanás, sem dúvida alguma, para repreendê-lo e fala dele como de “alguém”. São conhecidas as passagens das tentações no deserto (Mt 4, 1-11) e dos numerosos exorcismos que Jesus realizou (Cafarnaum: Mc 1, 23-28; Gerasa: Mt 8, 28-34; a filha da cananeia: Mc 7, 25-29 – entre outros). Os escritos apostólicos e o Apocalipse recolhem esta vitória de Cristo, que se consumará no final dos tempos.
O Magistério e a Tradição da Igreja, tanto no ensinamento como na liturgia, abordaram sempre esta verdade. O Catecismo da Igreja Católica fala do demônio cerca de 40 vezes. Também a vida de muitos santos, que tiveram experiência direta de luta contra o demônio, constitui um testemunho sobre a sua existência.

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